Museu Orgânico Casa de Telma Saraiva será inaugurado neste sábado (13) na 23ª Mostra Sesc Cariri de Culturas

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 Para manter vivo o legado e a memória de mestres, artistas e personalidades da história cearense, o Sesc Ceará, em parceria com a Fundação Casa Grande, inaugura o 8º Museu Orgânico na região do Cariri, neste sábado, dia 13 de novembro, às 17h, durante a 23ª Mostra Sesc Cariri de Culturas. Trata-se de uma homenagem que preserva e eterniza a importância da artista, foto-pintora e fotógrafa, Telma Saraiva, precursora na arte da fotografia pintada à mão desde a década de 40 na cidade do Crato. Este é o primeiro museu que faz uma homenagem póstuma a uma personalidade do Ceará. 

O projeto dos Museus Orgânicos, segundo Alemberg Quindins, gerente de cultura do Sesc Ceará, tem como principal premissa estabelecer vínculos entre patrimônio material e imaterial justamente onde essa tradição pulsa e está enraizada: em suas moradas. “As casas se constituem em lugares de memória e de afeto, assim, tudo o que está ali marca a história daquele território, inclusive os moradores, suas vestimentas, fotografias, objetos, instrumentos e tudo aquilo que marca o cotidiano de mestres e artistas”, afirma. Com a proposta de reunir 17 museus em uma rota de preservação da cultura e suas manifestações, de maneira orgânica, o projeto também tem a missão de fomentar o turismo social.

Ao longo dos anos, a família de Telma Saraiva já havia iniciado uma curadoria entre as obras, instrumentos de trabalho e pertences pessoais da artista para montar um acervo que conta uma história de mais de 100 anos de fotografia no Cariri. Agora, o desejo que a mãe tinha de preservar sua memória recebe continuidade com os filhos a partir do projeto Museus Orgânicos do Sesc Ceará. “Uma das coisas que minha mãe tinha mais prazer era receber as pessoas aqui na sua casa e mostrar seus objetos. Quando vinham fazer fotografias, percorriam todo o espaço da casa até chegar ao estúdio, era como uma visita pela história da fotografia”, conta Ernesto Rocha. 

Além do material já conhecido das pessoas que frequentavam a casa, o público também irá conhecer objetos inéditos de bastidores como laboratório de negativos, vários tipos de câmeras e entre elas a primeira câmera utilizada pelo pai de Telma no início do século XX. “É diferente de um museu comum porque aqui a oratória de quem está recebendo é que vai ser o encanto e vai fazer as pessoas viajarem no tempo e no legado da família”, explica Ernesto que mora ao lado da casa da mãe, como se fosse uma extensão do espaço, e irá receber os visitantes também em seu Café. “As pessoas vão sair da casa de Telma Saraiva e vão continuar vivenciando a sua história nesse outro ambiente que é uma morada de conteúdo, uma arquitetura de afeto”.

Um olhar de gerações

Uma edificação no estilo Art Déco, datada de 1926, faz parte da arquitetura histórica da cidade do Crato. Ali está situado o Museu Orgânico Casa de Telma Saraiva que outrora presenciou grande fluxo de pessoas a serem fotografadas, durante décadas, na região do Cariri.  O contato com a arte da fotografia chegou à família Saraiva ainda no século XX, com a popularização da prática e a paixão do patriarca, Júlio Saraiva, dono do ateliê Photo Riso. 

A homenageada, Maria Telma Saraiva da Rocha, nasceu em 14 de julho de 1928, já imersa na fotografia, cresceu diante de câmeras e refletores e, na adolescência, desenhava com destreza e realismo a lápis. Sendo o Crato um dos primeiros municípios do interior a ter cinema, em 1911, o lugar proporcionava uma aproximação do público com a arte da imagem que, mais tarde, entrou na vida de Telma e a fez se apaixonar pelas imagens das mulheres divas daquelas narrativas. 

Aos dezesseis anos, em 1944, começou a pintar suas fotografias e as de suas amigas, depois de ver na revista A Scena Muda, lançada no começo dos anos 20. Em busca do acabamento perfeito, também fez experimentos com aquarela e outros tipos de tinta. Aos 20 anos, em 1948, casou-se com o artista plástico e fotógrafo Edilson da Rocha. Depois de casada, continuou a morar na casa dos pais. Emerge ainda mais no meio fotográfico, seu esposo fazendo fotografias sociais, em festas e acontecimentos da cidade e ela recebendo as crianças, clientes do Photo Riso, para fotografar no seu jardim. É quando o Foto Saraiva se implanta dentro da casa de Telma. 

Após ganhar uma câmera instantânea de um amigo, Telma começa a se dedicar ao ofício. Quando os filhos nascem, Ricardo, Roberto, Edilson Filho, Edilma e Ernesto, a artista segue os passos do pai, fotografando a nova geração, e vai além, faz pinturas com produções inusitadas, com objetos e bichos que tinha em casa. Essas fotografias de sua família eram seu portfólio, dentro da sua casa, uma imensa galeria de fotografias em preto e branco pintadas a mão, com o maior grau de perfeição. Todas assinadas, Saraiva Crato, a bico de pena e tinta.

Inauguração Museu Casa de Telma Saraiva

Data: 13/11 às 17h

Local: Crato - CE

Programação Completa: Site www.mostrasescdeculturas.com.br

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