Dentro da plano de aumentar a
quantidade de leitos no Estado para o tratamento de pessoas contaminadas pela
Covid-19, o governador Camilo Santana (PT) lançou mão de uma estratégia que vem
gerando polêmica: a desapropriação de hospitais particulares. Além do Leonardo
da Vinci - unidade
que vem sendo alvo de reclamações por parte do ex-dono -, também foi adquirido junto à iniciativa
privada o Hospital Geral de Crateús, unidade hospitalar filantrópica que era
administrada pela Associação São Camilo desde 2011.
A unidade de saúde, que passou a
compor a rede pública em dezembro de 2020, tem 155 leitos, incluindo 10 leitos
de Unidade de Terapia Intensivas (UTI) instalados pelo Estado para tratamento
de Covid-19. O anúncio foi feito em dezembro do ano passado e não gerou
questionamentos por parte de seus proprietários.
"Essas UTIs permanecerão no
local para atender a população após a pandemia. Também serão realizados
gratuitamente diversos tipos de consultas e exames. A aquisição do hospital de
Crateús faz parte do nosso processo de regionalização da Saúde", escreveu
o governador.
Se no Interior o processo se deu de
maneira tranquila, em Fortaleza há reclamações. O médico e empresário Boghos
Boyadjian, sócio da empresa que até novembro era proprietária do Hospital
Leonardo da Vinci, hoje integrado à rede pública de saúde do Estado, questiona
o processo de desapropriação da unidade pelo Governo do Ceará.
O hospital, fundado em 2018 por
iniciativa de uma empresa privada, foi alugado pela gestão Camilo Santana (PT)
em março do ano passado, logo no início da pandemia de Covid-19 no Estado.
Transformado em unidade de referência para tratamento do novo coronavírus, o
hospital foi adquirido de forma definitiva em 26 de novembro, dias antes das
eleições.
“O que nos surpreendeu foi a
desapropriação do Hospital a nossa revelia, durante a vigência da locação. Até
porque seria muito mais econômico para o Estado prorrogar o aluguel”, disse
Boghos em uma publicação nas redes sociais. Na nota, ele destaca caráter
“unilateral” de desapropriações e relaciona a prática à “Alemanha do período
nazista”.
Pelas redes sociais, na última
segunda-feira, o governador Camilo Santana deu resposta para o caso.
“Desapropriar equipamentos pelo Governo, quando há a justa necessidade de
beneficiar a coletividade, é prática amparada na Constituição, ocorrendo todos
os dias em todo o país. Quem critica essa medida tomada pelo Governo do Ceará
ou não conhece as dores da população, ou age de má fé para confundir as
pessoas”, diz.
Edison Silva