Neste domingo (28), Bolsonaro foi
eleito com 55,1% dos votos.
Depois de sete mandatos como deputado
federal, Bolsonaro, ou o "Mito",
como seus seguidores gostam de chamá-lo, ganhou a eleição ao embalar-se como
novo e colocar-se como o candidato que vai enfrentar o velho sistema político.
Nos anseios de seu eleitor, com sede de mudança e cansado de um sistema
político que se desgastou com casos de corrupção, o militar é o melhor nome
para dar um jeito no país.
O cansaço contra a corrupção, o
desgaste da política tradicional, a descrença de grande parte da população no
PT, desejo de ordem e valorização da família são alguns dos ingredientes
que provavelmente em algum momento passaram pela cabeça de eleitores que
digitaram 17 na urna e elegeram o candidato que usou o slogan "Brasil
acima de tudo, Deus acima de todos".
Escolhido pelo povo, o capitão da
reserva do Exército vai assumir a partir de janeiro um país em crise econômica,
com as contas públicas no vermelho, quase 13 milhões de desempregados, PIB com
previsão de crescimento de apenas 1,4%, e com elevados índices de violência --
foram mais de 63 mil homicídios em um ano.
Ele terá também o desafio imediato de
pacificar o país. Mesmo com a vitória, mais de 47 milhões votaram no candidato do PT, Fernando
Haddad, e o clima da disputa deixou um ar beligerante entre seguidores dos dois
candidatos. Amigos, colegas de trabalho e famílias brigaram por divergências de
voto durante a campanha. Militantes políticos ligados a diferentes posições
entraram em clima de guerra nas redes sociais e não faltaram provocações nas
ruas, com muitos casos de agressividade verbal e até violência física.
Algumas declarações suas e de seus
aliados sobre o tratamento a instituições da Justiça, à imprensa e a direitos
dos cidadãos durante a campanha levaram a reações de críticos seus sobre
possíveis ameaças à democracia, Como presidente da República e diante da
missão de governar para todos, Bolsonaro também precisará abrir diálogo com o
Congresso Nacional e com o Judiciário. Nos últimos dias de campanha, Bolsonaro
tentou moderar o discurso sobre propostas consideradas mais polêmicas e
prometeu respeitar a Constituição e preservar os direitos dos cidadãos.